Hoje me permiti vagar com mais profundidade pelos caminhos que a busca do Google me indicou... o ano escolar está recomeçando e estou em fase de preparação de material para recepcionar os alunos que estarão comigo pensando sobre o Espaço Geográfico, ou como sugerido pelo educador paraense Edir Augusto Dias (Autor do texto abaixo), os alunos que irão comigo "geografar" neste ano que se segue. Já há algum tempo tenho me ocupado em pensar sobre os rumos do meu trabalho e quais os sentidos que este representa para os alunos e, principalmente, para mim mesmo. Entendo que a disciplina de Geografia deveria instrumentalizar, ou pelo menos contribuir significativamente para a instrumentalização do educando para que ele possa compreender melhor a realidade que o cerca e, diante dessa compreensão mais apurada, que ele possa fazer uma leitura de mundo mais comprometida com um deselvolvimento sócio-espacial de maior qualidade. Mas, nem sempre conseguimos deixar claro essa mensagem (que é ao mesmo tempo simples e complexa) diante dos infindáveis conteúdos tratados pelos livros didáticos e manuais de ensino de geografia, conteúdos estes exigidos em vestibulares e outros exames que atestam se o estudante sabe ou não sabe geografia. Como se a Geografia, enquanto ciência humana, não tivesse passado por um longo caminho de desenvolvimento do pensamento geográfico... pensando em Yves Lacoste: Serviria a Geografia em segundo lugar para fazer a paz?
GEOGRAFIA - POR UMA OUTRA ETMOLOGIA
Os livros didátios e os professoras e professoras de geografia começam, geralmente, explicando para seus alunos e alunas o que é geografia e o que a geografia estuda. Estas duas questões se confundem, pois a geografia se define por aquilo que estuda. Alguns ainda recorrem àquela velha etimologia da palavra: Geo (Terra) + grafia (estudo). A geografia significa etimologicamente o estudo da Terra.
O geógrafo Carlos Walter Porto-Golçalves propõe uma outra etmologia, recorrendo ao sifgnificado originário do segundo termo que compõe a palavra geografia: graphia, do grego, significa escrita. Portanto, nesse sentido, geografia passa a ser a escrita da terra, as marcas, os traços que os homens e mulheres criam na terra como uma escrita. Geografia deixa de ser um substantitivo e passa a ser um verbo. O que fazemos é geografar a terra. Este sentido está em consonância com o fato de reconhecermos que fazemos a História assim como e ao mesmo tempo em que fazemos nossa Geografia.
Podemos aceitar esse importante deslocamento de sentido etimológico e propor também que se recorra ao sentido original do termo geo, ou seja, a palavra grega para terra. Geo, que significa Terra, é, em verdade, uma forma latina (masculino) da palavra grega Gaia. Na Grécia gaia era uma deusa relacionada à terra, mas também significava alegria. Este sentido de alegria é resgatado por Nietzsche em seu livro a Gaia Ciência. O que esse significado traria de novo para a palavra geografia? Gaia-graphia, a nossa geografia, seria a escrita alegre da terra, ou um saber, uma ciência alegre da terra. Quando os homens escrevem a terra, geografam-na, tornam o espaço significativo. Só é espaço geográfico o espaço que tem significado para os homens, ou seja, é significativamente apropriado. Assim, grafar a terra é tornar o espaço expressivo e significativo para nosssa existência, e ao mesmo tempo é produzir um saber, uma ciência alegre sobre essa terra escrita por nossas ações. A geografia é uma gaia ciência, compreendida agora como um verbo.
Fonte e créditos:
http://geovivencias.blogspot.com/2009/02/geografia-por-uma-outra-etimologia.html
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